quarta-feira, maio 19, 2010

Concentração é algo que me falta as vezes, na maioria, nas horas em que mas preciso, ela me foge, deito, ouço charlotte, degusto a nicotina, e lá vamos nós de novo em busca da desnorteada concentração...achei, numa quarta-feira cinzenta, perdida por ai, algumas lembranças recentes tem me incomodado muito nos últimos dias, me atormentado eu diria. Andei por um longo tempo me dedicando a mim, esquecendo os encontros triviais, os jantares casuais, o barulho entediante das noites, refugiei-me em algum lugar que naufraguei, e desejei não voltar. A rotina, a única coisa que mais me entendiou nos últimos anos, infelizmente ou felizmente, é algo que me permite viver, na rotina, eu não esperei pelos encontros, pelos jantares, pelo barulho, mais encontrei o que eu menos esperava, encontrei no desencontro, uma sensação perdida, perdida onde eu mais depositei amor.
Alguns dias atrás no ambiente mas comum em que alguém vai me achar, achei o que eu já não esperava mais, num desencontro casual, desses que esperamos a vida inteira para acontecer. Alguém ao não me reconhecer, perguntou-me se já nos conheciamos, num tom irônico, que me soou suave ao mesmo tempo, depois de me acompanhar em alguns cigarros, umas cervejas, nos lembramos de como éramos tão bobos, a alguns anos, de como faziamos planos, como todos os bons amigos fazem, e quando paramos no dia em que saímos sem direção alguma, e literalmente ébrios, tive a sensação de estar vivendo um dejá vu. Quase fomos espussos do local, a hora passou rápido, eu havia perdido duas aulas, e ele o ticket do estacionamento, foi divertido ve-lô procurar nos bolsos, agenda, embaixo da mesa, enquanto a minha cabeça martelava pensamentos estrondosos, eu queria fujir, por medo, medo do dia seguinte me apresentar uma ressaca moral.
Mais eu me rendi, fomos embora ás 00 e 35 da madrugada, andamos a orla inteira, enquanto ouvíamos o conteúdo inteiro do meu pen drive, eu sabia desde o primeiro momento, em que o vi, o que a noite me reservava, mas continuei ali, estagnada, boba, fitando-o lentamente a cada segundo. Paramos numa drogaria, e ele comprou alguns chicletes, embora eu não tenha dado credibilidade aquela parada, parada na drogaria para uns valdas, sei.
Pedi para ele me deixar em casa, e simplesmente ele colocou as mãos sob o volante, riu e disse que passamos muito tempo sem nos vermos, sim, eu tinha conhecimento de tal fato, até determinado momento, o que eu não sabia, ou não queria acreditar, era o que vinha depois. O que me deixou com ressaca moral até os últimos minutos, eu penso em todas as sensações, em todos os detalhes, e sabe o que acontece, me brota um sorriso, desses nos cantinho do rosto, bem espontâneo, é algo inexplicável, são milhares de sensações que só uma pessoa na vida é capaz de despertar em mim, e depois de tanto tempo, reaflora de maneira dispersa, se estendendo para todos os lados, algo que esteve preso por tanto tempo, eu sinto dizer, mais não quero sentir de novo.

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