quinta-feira, dezembro 24, 2009


'Puro mistério', é acho que é assim que eu definiria muitas coisas em minha vida, e definiria você, que chegou e partiu tantas vezes com um simples 'Estou indo, boa noite'. Definiria você assim, mistério.
Sempre deixando aquele gosto de desejo no ar, o cabernet sob a mesa, e as cinzas no cinzeiro.
Gosto da falta que você faz; embora permaneça meu desejo mais oculto, minha sede inacabada, e você é assim sem explicações, uma peça no jogo, sem nome, sem lugar, mas sempre me agradou essa arte de jogar. Jogar a conversa fora, os olhares, as mãos entre os cabelos a deslizar, que lancem os dados. Desejei tantas vezes sua agradável companhia, um vinho, uma noite, mais desejei assim, só você, inerte, face frente a frente, corpos gelados, e nada mais, e isso o deixa sempre mais sem explicações.
Você tem um 'Q' de algo que não descobri ainda, mais entorpece o corpo, a dose exacta para uma sinapse completa, onde os dendritos nunca se tocam, mais esta ali, a sinapse acontece perfeita e completa.
As palavras certas, o tom exacto, a música, ah, a música como eu seria capaz de esquecer, sempre levarei você comigo aonde quer que eu vá, Aimee Mann fará questão de me recordar você todos os dias ao disparar o alarme na cabeceira.
Se existe mesmo o tal do amor platónico, você é a cura platónica, a minha cura. E de você... ah, não só guardo as lembranças, eu as recrio.

Carinhosamente para A.N

Nenhum comentário: